Usar qualquer rede social tem sido uma atividade deletéria. Claro, isso não é exatamente uma novidade, e as redes sociais são só a ponta desse iceberg de insalubridade, mas pelamordedeus, a que ponto chegamos?
Lembro quando meus
pais - e todo veículo de mídia existente - insistiam constantemente na ideia de
que eu deveria ser cuidadoso com o uso da internet. Acho que nem seria exagero
afirmar que a sociedade inteira enxergava nossa querida interwebs com - pra dizer
o mínimo - muitas ressalvas.
Isso me proporcionou
uma considerável capacidade reflexiva sobre a função dessa parafernália toda na
minha vida. Evitar se expor demais, sempre tomar cuidado com compartilhamento
de dados, checar a credibilidade de notícias e informações... Poderia passar
horas elencando a variedade colossal de situações onde muito bom-senso e
apreensão nunca seriam demais.
Contudo, no entanto,
todavia, como alguém que deveria educar, mas tem medo de repetir os erros do
passado e deixa crianças tocarem o terror, confundindo educação e autoridade
com restrição de liberdades (e nem os culpo muito, já que gerações anteriores
também falharam miseravelmente nesse sentido), deixamos a criança internê
correr solta pelos lindos campos do vacilo.
Que fique bem claro,
com "deixamos" eu me refiro à cooptação desse ambiente pela
besta-fera chamada capitalismo. Deixo essa discussão pra outra hora, mas é
louco perceber que de "todo cuidado é pouco" passamos pra "se tá
na internet provavelmente é verdade".
As coisas no
ambiente virtual mudam tão rápido que até no famigerado "comprei um leitor
de DVD pelo site e recebi 2 tijolos" nós continuamos caindo, simplesmente
porque esquecemos – ou ignoramos - que ele já existiu. Na moral, em pleno
século 2023, como dizem os jovens, saber que isso é verdade beira a insanidade.
O grande problema é
que, de golpes toscos, passamos pra elaborados sistemas de manipulação do senso
das pessoas. De gente que vende "cigarro de vitaminas" e fórmulas
"mágicas" de emagrecimento pro bizarro, misógino e criminoso mundo do
"red pill" (umas das coisas mais burras, cretinas e abjetas já
excretadas pela fragilidade masculina), a internet virou um antro de borrice.
Com "o", mesmo, pra frisar a estupidez.
Todo dia uma
microcausa vira "trending topic", um não-debate captura nossa atenção
como armadilhas pra ursos e um completo idiota ganha notoriedade por
absolutamente nada - além, claro, de ser um idiota. Poderia facilmente escrever
todo um outro texto apenas pra falar sobre tipos variados desses bostinhas que
se escondem atrás do discurso de liberdade de expressão pra espalharem todo
tipo de lixo que beire ou seja de fato o crimes, mas prefiro manter o foco do
momento num primeiro lapso de reflexão sobre a temática.
Torço pelo dia em
que retornemos aos tempos áureos da rede mundial de computadores, baixando
músicas em programas com nomes toscos, deixando depoimentos nos perfis dos
nossos amigos e, enfim, sendo minimamente decentes, já que, convenhamos, a
realidade por si só já cobra um preço alto demais pra ser acessada.
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