segunda-feira, 20 de março de 2023

Será Se a Internet Foi Longe Demais?



Usar qualquer rede social tem sido uma atividade deletéria. Claro, isso não é exatamente uma novidade, e as redes sociais são só a ponta desse iceberg de insalubridade, mas pelamordedeus, a que ponto chegamos?

Lembro quando meus pais - e todo veículo de mídia existente - insistiam constantemente na ideia de que eu deveria ser cuidadoso com o uso da internet. Acho que nem seria exagero afirmar que a sociedade inteira enxergava nossa querida interwebs com - pra dizer o mínimo - muitas ressalvas.

Isso me proporcionou uma considerável capacidade reflexiva sobre a função dessa parafernália toda na minha vida. Evitar se expor demais, sempre tomar cuidado com compartilhamento de dados, checar a credibilidade de notícias e informações... Poderia passar horas elencando a variedade colossal de situações onde muito bom-senso e apreensão nunca seriam demais.

Contudo, no entanto, todavia, como alguém que deveria educar, mas tem medo de repetir os erros do passado e deixa crianças tocarem o terror, confundindo educação e autoridade com restrição de liberdades (e nem os culpo muito, já que gerações anteriores também falharam miseravelmente nesse sentido), deixamos a criança internê correr solta pelos lindos campos do vacilo.

Que fique bem claro, com "deixamos" eu me refiro à cooptação desse ambiente pela besta-fera chamada capitalismo. Deixo essa discussão pra outra hora, mas é louco perceber que de "todo cuidado é pouco" passamos pra "se tá na internet provavelmente é verdade".

As coisas no ambiente virtual mudam tão rápido que até no famigerado "comprei um leitor de DVD pelo site e recebi 2 tijolos" nós continuamos caindo, simplesmente porque esquecemos – ou ignoramos - que ele já existiu. Na moral, em pleno século 2023, como dizem os jovens, saber que isso é verdade beira a insanidade.

O grande problema é que, de golpes toscos, passamos pra elaborados sistemas de manipulação do senso das pessoas. De gente que vende "cigarro de vitaminas" e fórmulas "mágicas" de emagrecimento pro bizarro, misógino e criminoso mundo do "red pill" (umas das coisas mais burras, cretinas e abjetas já excretadas pela fragilidade masculina), a internet virou um antro de borrice. Com "o", mesmo, pra frisar a estupidez.

Todo dia uma microcausa vira "trending topic", um não-debate captura nossa atenção como armadilhas pra ursos e um completo idiota ganha notoriedade por absolutamente nada - além, claro, de ser um idiota. Poderia facilmente escrever todo um outro texto apenas pra falar sobre tipos variados desses bostinhas que se escondem atrás do discurso de liberdade de expressão pra espalharem todo tipo de lixo que beire ou seja de fato o crimes, mas prefiro manter o foco do momento num primeiro lapso de reflexão sobre a temática.

Torço pelo dia em que retornemos aos tempos áureos da rede mundial de computadores, baixando músicas em programas com nomes toscos, deixando depoimentos nos perfis dos nossos amigos e, enfim, sendo minimamente decentes, já que, convenhamos, a realidade por si só já cobra um preço alto demais pra ser acessada.

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