Levantar por volta das 7h, tomar um café observando a cidade acordar, sair pra andar na beira da praia, parar pra beber uma água de coco trincando de gelada, encontrar alguns amigos e estender o momento com risos, cervejas e Sol. Um belo dia de verão, né não?
Discordo em gênero,
número e grau. Não me levem a mal, por favor! Certamente não foi um crime
premeditado, mas essa linda e ensolarada estação me leva aos limites mais
estranhos do descontentamento físico e mental. Cada momento debaixo da estarrecedora luminosidade
solar é um ataque sorrateiro à minha dignidade, que se desmancha em suor
excessivo, olhos cerrados e cansaço. Muito cansaço.
Não tenho uma explicação pra isso. Desde o momento mais distante que minha mediana memória consegue remontar da própria existência, meu corpo se sente instintivamente mais e mais aviltado à medida que os graus sobem.
Lembro de, ainda criança, arrastado pra praia
sem muita possibilidade de argumentação, me confinar aos poucos metros quadrados
de sombra e praticar um brincar descontente com o horrível tato de areia e
maresia na pele. Vez ou outra, quando com alguma companhia, me punha
inconformado a lidar com o desprazer daquela situação, correndo um pouquinho,
jogando uma bola ou entrando naquele banheirão horrível de água salgada que os
antigos já chamavam de mar. Os sacrifícios que a gente não faz pra ver um
sorriso no rosto de quem amamos.
Nesse sentido, a vida
adulta tem uma linda benesse: o advento da birita. Óbvio, a tecnologia pode
proporcionar conforto físico, seja na forma que for, mas ter que lidar com o
verão fica exponencialmente mais fácil bebendo uma caipirinha ou uma cerveja
agressivamente gelada, eliminando o calor de dentro pra fora tal qual o soco de
um iceberg. Coisa linda.
Fato é, acho que eu
gostaria de ser dessas pessoas que ficam excessivamente felizes no verão,
especialmente porque parece felicidade genuína. Tudo parece mais simples e
colorido. Bom, não sou, e não gosto de "e se..". Algumas coisas são
como são. E o verão é horrível. Discorda? Tudo bem. Todo mundo tem o direito de
estar errado.
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