segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Rápida Reflexão Sobre Autocobrança por Produtividade

 

Nas últimas semanas estive à beira de vitimar a mim mesmo da estapafúrdia condição de autocobrança por produtividade de escrita. Quando iniciei o blog e, previamente a ele, a atividade do escrever, mesmo havendo a vontade de que tudo isso se convertesse em algo sério e recorrente, estabeleci comigo o acordo que rege todas as minhas atividades que não sejam obrigatórias e, de forma mais abrangente, a forma como eu me relaciono com o mundo: eu não “tenho que” nada.

“Como assim, André? Nossa, essa afirmação ficou muito confusa”. Explico. Tempos atrás relatei minha relação com o hobby mais significativo que tenho hoje, a fotografia analógica, que segue firme e forte. Venho me aprofundando cada vez mais no entendimento sobre equipamentos, técnicas e possibilidades sem absolutamente nenhuma intenção de que isso se torne algo além do que é, um hobby.

A mesma coisa acontece com a academia. Toda vez que ponho os pés naquele antro de autoflagelação é ridículo como é fácil identificar quem tá indo, como eu, só pra fazer a tão necessária manutenção da saúde física e quem vai pra performar. Quando digo performar me refiro a todo tipo de situação imaginável em que alguém se coloca nesse lugar de parecer - ou talvez tentar provar - alguma coisa, seja pra si ou pros outros.

A pessoinha X de calça, moletom e pochete em TODOS os treinos, a pessoinha Y que usa todo o aparato caricato de bodybuilder de revista (com a irreverente regatinha esfola-mamilo inclusa, claro) e a pessoinha Z que passa andando de braço aberto parecendo aqueles abridores de vinho meia-boca pra mostrar pra todo mundo o quanto a musculatura tá tonificada (enquanto as pernas parecem as de um boneco de palitinho desenhado por uma criança de 5 anos).

Vou revelar um grande segredo pra essas pessoas, agora: NINGUÉM se importa. Na humilde posição de comentador da vida cotidiana - e obviamente falando o que eu quiser, já que esse blog é meu - deixo meus centavos de contribuição sobre qual deveria ser a etiqueta comportamental da academia: a mesma de um boteco decadente. Nesses espaços, pessoas taciturnas entram discretas e ligeiras pra adquirir sua dose momentânea de endorfina, dopamina e o que mais lhes convenha, saindo por fim no mesmo estado de consternação solene em que chegaram.

E isso é válido pra todos os outros âmbitos da vida. A não ser que de fato se esteja disputando uma competição, NADA na vida tá valendo um prêmio. Tira suas fotos, vai fazer seus exercícios, aprender a cozinhar sem precisar virar CEO de MEI, só curte. O pódio que a sociedade vende simplesmente não existe. Aproveita sua vida e seu tempo pra curtir sem neuras. A vida já é dura demais sem achar que tudo é uma disputa.

Esse texto, por exemplo. Completamente mediano. O primeiro que eu escrevo em mais de uma mês e atingi a mais absoluta mediocridade, mas tudo bem. Me reservo o direito de não prometer e também não entregar nada além do que eu estiver afim.

Até a próxima.



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